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Analfabetismo Digital

É uma expressão relativamente nova, e não se associa às letras, mas sim a exclusão digital.

 

 

Tempos modernos exigem comportamento moderno e até mesmo o aprendizado de novas teorias e tecnologias. A ponto de um autor do quilate de Gilberto Dimenstein criar esta nova categoria de analfabetos funcionais, o "analfabeto digital".

Hoje em dia, dados os avanços tecnológicos, é fundamental que todos tenham acesso a terminais de computadores e saibam operar com alguns sistemas básicos que permitem, com grande velocidade e eficiência, digitar textos, fazer cálculos, trabalhar com imagens e gráficos, elaborar planilhas de contas, etc., etc.

Não cabe resistir ao avanço da tecnologia nesta dimensão, naturalmente. Contudo, vivemos tempos difíceis, de crises em múltiplos planos, o que pode fazer com que, sob a falsa argumentação de que faltam recursos, prive-se o profissional de uma ferramenta hoje básica para que possa trabalhar e assim deixe o empresário ou administrador de ganhar em eficiência e até em lucratividade prática "porque precisava economizar" e economiza privando o profissional de ferramentas de trabalho. Guardadas as devidas proporções, fazer isso hoje é como, no início da Revolução Industrial, deixar de prover os camponeses com pás e enxadas metálicas sob a argumentação de que deveriam fazer como seus antepassados e utilizar os mesmo instrumentos de madeira do tempo feudal. Naturalmente, quem assim se posicionou frequentemente faliu diante do avanço da mecanização, da tecnologia ascendente no ocidente.

Hoje, mesmo que abstraiamos a questão da lucratividade ou da competitividade, cerne da mentalidade capitalista, burguesa, temos de ceder aos avanços tecnológicos em nome da pura e simples eficiência. A internacionalização das decisões em informática descentraliza e faz com que todos os países do mundo estejam inseridos no contexto. As exceções, que sempre existem, são muito poucas. Mais óbvios os casos de Cuba e Iraque, ambas nações há anos sofrendo alguma espécie de bloqueio - provisório por definição que quando o bloqueio acabar ambas as nações serão também inseridas no contexto.

Mapa da exclusão digital (fonte: Fundação Getúlio Vargas)

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Os gráficos acima mostram a proporção da população que tem acesso a computador em função da região de origem e da cor (fonte: Mapa da exclusão digital / FGV) 

(Fonte: Lázaro Chaves)

http://caminhoinclusaodigital.wikidot.com/analfabetismo-digital
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A máquina também está a serviço de Paulo Freire



Em 1984, Paulo Freire (1921-1997) escreveu um artigo em que questionava a serviço de quem as máquinas entram na escola. Ele era favorável ao avanço da ciência e da tecnologia, mas ressaltava que era importante refletir sobre o uso dessas novidades na Educação. Este é apenas um pequeno exemplo de como o pensamento deste grande educador continua atual e importante para quem pensa e atua no ensino hoje.

O texto sobre as máquinas integra o grande acervo disponível nos sites do Centro de Referência Paulo Freire e da Biblioteca Digital Paulo Freire (www.paulofreire.ce.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp). Há inúmeros livros, fotografias, vídeos, teses, artigos e manuscritos produzidos pelo educador ou sobre ele. Tudo disponível gratuitamente e com a possibilidade de busca por assunto, título ou autor.
Os acervos são enormes e outros documentos ainda podem ser incluídos, então deleite-se com as inspiradoras mensagens deste mestre e visite sempre para ficar informado sobre os novos achados.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/blogs/tecnologia-educacao/?utm_source=redesabril_fvc&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_novaescola
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Menino Maluquinho On-Line




Aproveite a história com imagens em tamanho natural para ler, imprimir e colorir. Foram todas adaptadas para a Internet, permitindo uma navegação rápida. Para virar as páginas, aponte o mouse para o foguete maluquinho e aperte. Você pode ler o livro de frente pra trás ou de trás pra frente... Agora chega de enrolar que a nossa história já vai começar!

http://meninomaluquinho.educacional.com.br/Online/default.asp 
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Tecnologias digitais na escola: driblando inconvenientes


 Priscila Gonsales*

Com a proximidade do ano letivo, novamente os educadores estarão diante do desafio de incorporar tecnologias digitais em seu cotidiano pedagógico. Seja na tentativa de usar novos dispositivos como tablets, smartphones ou laptops em atividades educativas, seja na integração de mídias digitais e redes sociais no processo de ensino e de aprendizagem de conteúdos curriculares.
Nesse cenário, é bem comum surgirem mais questionamentos sobre os inconvenientes que as tecnologias podem trazer para o contexto pedagógico do que ênfase nos benefícios e potenciais a serem aproveitados. Pensando em como driblar tais inconvenientes, listo abaixo algumas dicas a partir das principais queixas que tenho acompanhado em 12 anos de atuação na área:

Distração e dispersão: estudantes jogam e navegam na web em vez de prestar atenção nas aulas e fazer as atividades sugeridas.
Que tal combinar com a classe 10 minutos de navegação livre antes de iniciar a atividade? Em vez de pensar em “aula”, que carrega uma conotação meramente expositiva, procure planejar atividades ou projetos. Preparar um roteiro em conjunto com os alunos sobre como será realizada a atividade, com os respectivos combinados, e levantando com eles perguntas e dúvidas prévias sobre determinado conteúdo pode ser uma estratégia interessante para envolver a turma desde o princípio, evitando a dispersão. Lance desafios cooperativos, formando equipes para busca de diferentes informações na internet em um determinado intervalo de tempo para que depois possam compartilhar as descobertas.

Informações não confiáveis: há muito conteúdo disponível na web sobre todos os assuntos mas nem todo conteúdo é de qualidade.
Uma das principais aprendizagens que o mundo digital potencializa é justamente a de como pesquisar na internet (selecionar, analisar, classificar). Nesse sentido, não é exagero dizer até que o fato de não ser confiável é uma vantagem, pois cabe a cada pessoa, sozinha ou em grupo, analisar e comparar as fontes e não apenas receber informações prontas tidas como verdade única e absoluta. A inteligência precisa estar no indivíduo diante da máquina e não ao contrário. Ao sugerir uma atividade de pesquisa na internet não é necessário delimitar os sites para consulta, mas sim preparar uma lista de sugestões sobre como analisar cada endereço web encontrado, desde a origem - se é comercial (.com), governamental (.gov) ou de alguma instituição (.org) – até o conteúdo em si, sempre comparando informações para poder encontrar o que se procura. Em alguns casos, a estratégia do “copiar e colar” citando a fonte pode ser indicada para facilitar a análise crítica, pois assim todos poderão salvar em um arquivo separadamente e ler com calma as várias informações selecionadas para depois preparar a sua própria versão a partir do que foi pesquisado.

Aprendizagem superficial: a livre interação dos alunos com conteúdos disponíveis na web ocasiona apreensão de conteúdos de forma simplista e pouco aprofundada, tornando os alunos resistentes a empenhar o tempo necessário para consolidar as aprendizagens.
Há um pouco de mito nessa afirmação, pois a superficialidade da aprendizagem não pode estar ligada ao meio em si, uma vez que uma simples leitura de um tópico no livro didático com definições prontas sobre um dado assunto pode levar ao mesmo resultado. Nesse caso, o segredo está no desafio que será lançado pelo educador. O ideal é que o educador planeje, ou seja, que defina com antecedência os objetivos da aula ou do projeto a ser desenvolvido. É importante que o educador estimule os estudantes não apenas a buscarem respostas, mas sim a formularem suas próprias perguntas a partir de algumas hipóteses que podem ser levantadas em conjunto com a turma. Para refletir sobre a importância da dedicação aos estudos, o educador pode criar um gincana que evidencie o tempo necessário para o estudo de um conteúdo ou mesmo relatar o tempo de dedicação de autores e profissionais famosos em torno de seu ofício. Na obra Minha Vida Entre Livros, o bibliófilo José Mindlin conta algumas histórias de escritores famosos, como Guimarães Rosa e seus vários rascunhos, em uma persistente busca pelo melhor texto até chegar ao livro de fato.

Copiar e colar: a internet estaria incentivando os alunos a copiar fotos, textos, músicas, ilustrações e outros arquivos de sites para fazer um trabalho escolar e além disso, tal atitude pode estar violando a lei de direitos autorais.
Muitos já devem ter ouvido a resposta padrão para esse inconveniente: “Quando não tinha internet a gente copiava da enciclopédia”. De fato. O que faz diferença nesse caso e evita o simples recorte e cola de informação é quão desafiadora a atividade proposta é, ou seja, qual foi o roteiro sugerido pelo educador e qual o objetivo da pesquisa. Além disso, há outro ponto fundamental nessa queixa relacionada a uma ação ilegal de apropriação de obra protegida pela lei brasileira de direitos autorais. Antes de utilizar qualquer arquivo disponível online, ainda que gratuito, é fundamental consultar os “termos de uso” do site e verificar se o material foi licenciado de maneira aberta, isto é, se o autor permite que sua obra seja copiada, remixada ou usada para fins comerciais. No site do Projeto Recursos Educacionais Abertos Brasil há uma lista de repositórios online para encontrar recursos licenciados abertamente (http://rea.net.br/site/rea-no-brasil-e-no-mundo/rea-no-brasil/).

Ansiedade, vícios e isolamento: a interação constante dos estudantes com as telas digitais estaria provocando maus hábitos e problemas de comportamento e de saúde.
Como em tudo na vida, é sempre importante buscar o equilíbrio e, nesse sentido, os pais devem ser envolvidos nas conversas e debates, evidenciando a importância de incentivar também atividades “offline” como esportes e passeios. Vale a pena debater com alunos e pais casos reais que evidenciam sintomas como esses. Podem ser criadas campanhas na escola lideradas pelos próprios alunos para “prevenir” tais comportamentos. Existem materiais disponíveis na internet  para usar como apoio: www.safernet.org.br; http://www.childhood.org.br/programas/navegar-com-seguranca; http://cartilha.cert.br/uso-seguro/; www.fundacaotelefonica.org.br/Uploads/book_telefonica_2_final.pdf.

Exposição da vida privada: redes sociais como Facebook, Foursquare, Instagram, entre outras, funcionam muitas vezes como uma agenda pública do cotidiano das pessoas, incluindo informações pessoais e fotografias.
Trata-se de um tema central que precisa ser debatido com os alunos, como por exemplo, o que pode ser público e o que deve ser privado na vida de cada indivíduo. Da mesma forma, postar fotos de amigos sem permissão também não é uma atitude responsável. Não adianta proibir na escola, pois os estudantes acessam em casa, na casa de amigos ou em centros públicos. Que tal criar um perfil ou um grupo tipo “fan page” nessas redes sobre algum tema do conteúdo estudado? Trata-se de uma forma de mostrar aos estudantes que é possível planejar outros usos além do compartilhamento de informações pessoais. Além disso, todos poderão vivenciar e debater na prática o que se deve ou não postar e para que público. Hoje em dia as redes permitem configurar permissões de visualização de forma que algumas postagens só possam ser vistas por quem realmente a pessoa conhecer ou familiares diretos. Anote na agenda a campanha pela Internet Segura que começa nesta terça-feira, 5 de fevereiro: http://www.diadainternetsegura.org.br/site/sid2012;

Tensão e estresse: pouca familiaridade com recursos da tecnologia digital constantemente lançados no mercado tem gerado desconforto entre educadores
Não é preciso estar em dia com todo e qualquer lançamento do mundo digital para ser um educador na cultura digital. O dispositivo em si não traz nenhuma melhoria ou inovação e nem o uso que se faz dele, muitas vezes uma mera reprodução de métodos ultrapassados. Em vez de querer utilizar a tecnologia na educação, procure refletir sobre como aproximar a educação da cultura digital. Ou seja, cada vez mais as pessoas estão mudando seus modos de ser e estar no mundo. Com a internet, distâncias geográficas são diminuídas, tornando possível, por exemplo, criar atividades colaborativas a distância. Reúna os professores da sua própria escola ou comunidade para discutir e trocar experiências sobre possibilidades e metodologias pedagógicas. Não existe uma receita pronta para usar, o importante é ousar e experimentar. Participe de grupos e fóruns online para trocar de experiências com outros educadores:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/interacao.html.

Problemas técnicos e de software: quem nunca vivenciou a situação de travamento de software, de pane no áudio, arquivo que não abre, de falta de conexão? São inúmeros os problemas técnicos de manutenção dos computadores.
O famoso “plano B” deve sempre ser considerado, ou seja, se possível grave arquivos que iria usar ou tenha uma atividade offline substitutiva. A maioria das propostas podem ser realizadas sem o uso do computador em uma eventualidade, portanto não é motivo de pânico. Dar preferência a softwares livres – programas de computador que podem ser utilizados, copiados, modificados e redistribuídos sem restrições – é uma questão importante em relação ao acesso à educação como um direito. Além disso, evita a perda de arquivos salvos em versões antigas de softwares proprietários, pois não podem mais ser abertos nas versões mais atualizadas. O Libre Office, por exemplo, é um pacote de aplicativos em formato aberto (documento de texto, planilha, apresentação, etc), facilmente baixado e instalado em qualquer sistema operacional e que pode abrir qualquer outro arquivo proprietário semelhante.

Celulares e tocadores de áudio: pensei nesse último tópico sobre os dois dispositivos, por ser um assunto polêmico e alguns Estados, como São Paulo, têm até uma lei que proíbe o uso em escolas.
Não será vetando o uso desse ou daquele aparelho que se vai “garantir” a atenção do aluno em aula. Conquistar e manter a atenção do aluno foi, é e sempre será o grande desafio de todo educador. Também não será a mera proibição que evitará que fotos e vídeos desrespeitosos sejam postados na internet. Hoje os celulares estão aí, mas no passado eram bilhetes, figurinhas e vários outros elementos “dispersivos”. Segundo pesquisa TIC Criança de 2010, 59% das crianças de 5 a 9 anos já tem seu número de celular. Portanto, considero importante considerar celulares e tocadores de áudio para problematizar os usos possíveis na escola e estabelecer combinados e linhas de conduta. Quanto mais explícita e menos velada for a abordagem do tema, maior probabilidade de que o uso seja de fato responsável. Os tocadores de áudio mais modernos podem ser usados na escola na função agenda e os celulares na captação de imagens e vídeos para compor atividades educativas propostas. Veja mais orientações sobre uso responsável do celular e de outras telas digitais no infográfico: www.educadigital.org.br/telasdigitais.

* PRISCILA GONSALES: Jornalista e educadora, máster em Educação, Família e Tecnologia pela Universidade Pontifícia de Salamanca (Espanha). Cofundadora do Instituto Educadigital, atua na área de educação e tecnologia desde 2001. Como pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), coordenou durante 6 anos o Programa EducaRede Brasil, uma iniciativa da Fundação Telefônica focada em projetos de formação de educadores para a integração da internet na educação. Em 2011, foi jurada da categoria Midia Digital do Prêmio Prix Jeunesse Iberoamericano (Produções Audiovisuais para Crianças e Adolescentes). Em 2012, integrou a delegação brasileira no Congresso Internacional de Recursos Educacionais Abertos da Unesco, em Paris. É uma das autoras do livro Recursos Educacionais Abertos: Práticas Colaborativas e Políticas Públicas (http://www.artigos.livrorea.net.br/2012/05/aberturas-e-rupturas-na-formacao-de-professores/).

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,tecnologias-digitais-na-escola-driblando-inconvenientes,992934,0.htm
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Professores para uma sociedade inclusiva

 Educar em Direitos Humanos.

 

Izabel Maria Madeira de Loureiro Maior

 

A grande magia de ser professora ou professor é ter a possibilidade de abrir caminhos para o futuro, nos quais as pessoas agirão com mais fraternidade, guiadas por valores que resgatem, a cada momento, a dignidade humana.
Educar não é transmitir informações, mas antes, ensinar a pensar o mundo de todos e para todos. O mundo aberto, sem discriminação, marcado pela diversidade que confere valor ao conjunto, oferece espaço e oportunidade às diferenças e não aceita as desigualdades construídas, de acordo com Paula & Maior.
Cada professor precisa estar preparado para a educação em direitos humanos, com conteúdos que inspirem confiança na justiça social, que instiguem a prática da responsabilidade coletiva para a promoção da vida, com foco em ações diárias de cidadania.
A escola mudou, está em transformação contínua e, receber as pessoas sem rótulos faz parte da evolução cultural. “Ser diferente é normal”, estar na escola é normal, construir a escola inclusiva é mais do que normal, é indispensável para o alcance de uma cultura voltada para a paz entre as pessoas e as nações.
A partir dos direitos humanos somos iguais na diferença e, portanto, suportes, apoios e tecnologia assistiva são necessários para haver a inclusão na escola, no ambiente próximo, na comunidade e no mundo. As crianças, os jovens, suas famílias (adultos e idosos) têm o direito de conviver sem barreiras de atitude contra as minorias, entre elas a das pessoas com deficiência, as quais têm habilidades e desenvolvem competências, quando incluídas em ambiente pluralista e não marginalizador.
Da teoria à prática, há o marco legal, que precisa estar atualizado com a realidade e existem também as políticas públicas que valorizam o direito à educação, investem em qualidade e acesso de qualquer pessoa em bases iguais com as demais. A partir dessa sustentação, emergem planos, programas e ações, com metas, cronograma, recursos humanos e recursos orçamentários. O Estado é responsável pela educação de todos e a sociedade tem a função de acompanhar os programas desde a etapa de elaboração até a execução e o monitoramento dos resultados. Os conselhos de educação e os dos direitos das pessoas com deficiência exercem esse papel.

A Convenção da ONU.

Em 13 de dezembro de 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o mais recente tratado internacional de direitos humanos, que dedica o artigo 24 à Educação, asseverando que “Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida.”
De acordo com o relato de Maior, “... o Congresso Nacional, entre os dias 13 de maio e 9 de julho de 2008, convocou audiência pública, escolheu a relatoria, realizou a votação e a promulgou o Decreto Legislativo n° 186/2008, da ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, documentos da Organização das Nações Unidas - ONU. De forma inédita, coerente com o que o movimento das pessoas com deficiência, os especialistas e o governo federal ansiavam, a nova convenção de direitos humanos é agora um mandamento da Constituição Federal. O Brasil fez o depósito, na ONU, tanto da ratificação da Convenção quanto do Protocolo Facultativo, no dia 1° de agosto de 2008, tornando-se o 34° e o 20° Estado Parte a assim proceder. A Convenção com equivalência à emenda constitucional é a maior conquista que o movimento das pessoas com deficiência obteve em 2008”.
Caberia acrescentar que a Convenção da ONU é o mais importante trunfo para a inclusão de 15% da população mundial, cerca de um bilhão de pessoas, como estima o Relatório Mundial sobre Deficiência, lançado em 2011, elaborado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Banco Mundial. Esta cifra confirma os dados do Censo IBGE 2000, que apontou 14,46% como a média nacional de pessoas com limitação funcional.
É importante esclarecer, conforme Maior & Miranda, que a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva encontra-se em perfeita sintonia com o documento da ONU e a educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis.
Ainda citando os mesmos autores, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência traz as diretrizes gerais sobre cada um dos direitos, cabendo ao Brasil transformá-las em políticas e ações, tais como as preconizadas na Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: fazer com que em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado seja organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino a ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional.

Percepção dos Direitos Humanos.

Em 2008, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República encomendou a pesquisa de opinião pública “Percepção sobre Direitos Humanos no Brasil”, que envolveu 2011 entrevistados, de 150 municípios nas cinco regiões do país. Encontrou resultados interessantes para o debate da educação em direitos humanos. Em resumo, a população valoriza os direitos sociais 68%, e de forma espontânea cita: direito à saúde, 47%, à educação, escola ou estudo, 38% e ao trabalho, 26%, em contraste aos direitos individuais ou civis, 53%. Dos direitos sociais reconhecidos como direitos humanos, o direito à educação e à saúde tiveram 98% de respostas de concordância, quando apresentadas as opções.
Entre os direitos de igualdade, 92% da população consideram que pessoas com e sem deficiência devem ter direitos iguais. Entre as prioridades de violações a serem combatidas, a discriminação contra as pessoas com deficiência foi citada por 66% dos entrevistados. Nesses dois índices, a questão da pessoa com deficiência ficou em segundo lugar, superada somente pela questão entre negros e brancos. Consideradas dezoito políticas públicas, a de atenção às pessoas com deficiência foi mencionada a terceira em grau de importância (95%) entre as ações do governo federal (combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes e combate à violência contra a mulher foram as duas primeiras, respectivamente, 97% e 96%).

Capacitação e valorização dos professores para a inclusão.

Tanto a Convenção da ONU como a Política de Educação explicitam a capacitação dos docentes, os recursos de tecnologia assistiva e demais meios e modos de apoio como elementos de base para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais ao sistema regular de ensino.
Transcorridos os primeiros três anos da entrada em vigor da Convenção da ONU, é hora de mensurar a percepção das professoras e professores sobre o que entendem como direito humano à educação inclusiva. Saber se estão no centro do debate de como deve ser a sua capacitação para transformar a vida de todos os alunos em convivência harmoniosa entre diferentes, pois ninguém é idêntico ao outro, mas todos são iguais em sua essência humana.
As escolas e centros educacionais responsáveis pela formação dos mestres de hoje recebem novos desafios a cada momento: a inclusão digital, a era do conhecimento, os princípios do desenvolvimento sustentável, enfim, o girar dos ponteiros do relógio muitas vezes mais veloz do que a capacidade de absorver os novos conteúdos, de assimilar as mudanças tecnológicas e posicionar-se de maneira tempestiva para imprimir sua marca essencial às transformações culturais. O mundo não evoluirá sem a contribuição e a participação dos mestres de cada uma das turmas escolares existentes no nosso país e nas diversas maneiras de educação não formal. Não há revolução cultural para a inclusão que possa deixar à margem a capacitação em direitos humanos de cada um e de todas as professoras e os professores brasileiros. Respeitar-lhes os direitos é condição básica para que possam desenvolver a noção de exercício da cidadania junto aos seus alunos e, com isso, atingir toda a sociedade.
Sabe-se que as condições de trabalho e a faixa salarial não respeitam o papel dos professores e tampouco servem de referencial para estimular novas gerações de profissionais no campo da educação. As oportunidades de capacitação continuada são poucas e, muitas vezes, fora do poder aquisitivo desses profissionais. De forma semelhante, a compra de livros e revistas, a participação em atividades artísticas, científicas e culturais também é escassa e não está garantido ou é insuficiente o direito ao acesso à rede mundial de informação e comunicação, que tem como requisitos computadores, internet e periféricos.

Propostas para o alcance da educação inclusiva.

As condições atuais têm jogado sobre a vocação e o empenho individual a maior parte do ônus de ser profissional da educação no Brasil. Decerto, a política de valorização do magistério existe em lei e a ela são destinados recursos do orçamento público. Diversas estratégias de gratificação são postas em prática e outras medidas de atração para a permanência dos professores nas salas de aula surgem a cada dia. É claro que esses pontos dependem de decisão política, de uma grande concertação nacional no âmbito dos entes federativos e da esfera não governamental. As professoras e os professores não podem desaparecer mesmo na era da realidade virtual.
De maneira bem objetiva propomos que os mestres sejam ouvidos e nos digam o que falta em sua formação e capacitação continuada para apostarem ainda mais na educação inclusiva irrestrita, que ultrapassa a própria educação especial inclusiva de alunos com deficiência.
Com a pesquisa de opinião pública sobre a percepção dos direitos humanos, ficou claro o alto grau de importância que a população brasileira atribui ao direito social à educação. Na sequência, o estudo demonstrou que a discriminação contra as pessoas com deficiência foi apontada como violação a ser combatida, pois se entende que pessoas com e sem deficiência tem direito à igualdade, embora esse seja o terceiro direito humano mais desrespeitado. E com referência às políticas federais, aquela que trata da atenção às pessoas com deficiência está entre as três mais importantes segundo a opinião pública.
É possível considerar que a pesquisa ao refletir a percepção da população em geral, também apresenta a percepção dos profissionais da educação, o que permite assumir os resultados como ponto de partida para a valorização dos professores como agentes de efetivação do direito das pessoas com deficiência à educação em ambientes de igualdade de direitos e sem discriminação.

Sociedade, professores, governo e a Convenção da ONU.

A sociedade tem seu tempo de transformação e, historicamente demanda do Estado, novas normas e medidas que expressem a sua vontade. As organizações não-governamentais têm trabalho em rede, em parcerias com redes internacionais e com universidades e grupos de pesquisadores para demonstrarem que o tempo da educação inclusiva chegou. Tanto é assim que foi possível uma parceria de setores governamentais e dos movimentos sociais organizados, para a garantia do acesso e da permanência com sucesso dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola de todas e todos.
A afirmação que o governo estabeleceu como uma das prioridades a educação inclusiva pode ser considerada verdadeira. Esta decisão obedece aos tratados internacionais, gerais e específicos de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil. As pessoas com deficiência são sujeitos dos mesmos direitos de todos os membros da sociedade. Por decorrência imediata, os bens e serviços disponíveis na comunidade estão legalmente obrigados a lhes proporcionar o acesso. Com a participação pró-ativa de mestres formados e capacitados na educação em direitos humanos, a educação inclusiva ganha coerência e consistência, corpo e alma.

Referências Bibliográficas.

  • Paula AR; Maior IMML. Um mundo de todos para todos: Universalização de direitos e direito à diferença. (In) Revista Direitos Humanos/Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Brasília, v. 1, n. 1, p. 34-39, dez. 2008;
  • Maior IMML. Apresentação In: A convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada. Resende APC, Paiva FMV, coordenadoras. Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Brasília, 2008;
  • World Health Organization. World Report on Disability 2011. Malta, 2011.
  • Maior, IMML; Miranda JR. Opinião. (In) Inclusão: Revista da Educação Especial/Secretaria de Educação Especial, Brasília, v. 4, n.1, p. 56, jun./jul.2008.
  • Brasil, Percepção sobre os Direitos Humanos no Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Brasília, dez. 2008.
Fonte:http://www.bengalalegal.com/professores
 
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